Inimigos microscópicos saltam de hospedeiro a hospedeiro e, poderosos, no meio do caminho se deixam ficar em superfícies,depositam-se próximos,à espreita,para continuarem vivos.
Vivos como ameaça da infecção e virulência, nos impõem,com gritos silenciosos:
"Suas mãos estão sujas!
Não se toquem!
Mantenham distância!
Não falem,não tussam,contenham suas falas enfáticas e emocionadas,com saliva.
Fiquem com suas telas frias! Não eram o que preferiam à luz do sol,ao ar puro,aos encontros?
Verão como é não receber um toque humano,essa solidão de que muitos padecem antes de nos espalharmos pelo planeta!
Ao menos os animais podem passear mais livres por seus habitats,como deveria ser.Menos gás carbônico.Uma pausa para se respirar.Ar."
Humanos de grandeza enfrentam e protegem-se como podem do que não enxergam.Aliás,engrandecidos pela Ciência,é através dela que sabem do invisível perigo para dele se precaverem e continuarem vivos.
Vivos,contra a ameaça da infecção e virulência,resistem,com orações silenciosas:
"Queremos mãos e corações limpos!As mentes,como as casas,arejadas!
Quando voltarmos a nos tocar será uma nova era...
Essa distância temporária nos aproximará definitivamente.
Aquecemos as telas da televisão,do computador e do telefone celular,com as nossas emoções projetadas nos filmes,noticiários e conversas de vídeo, que nos mobilizam entre lembranças do passado e desejos de futuro.E temos os nossos livros para o repouso ensimesmado.
Compreendemos melhor a dor dos que sempre foram sozinhos no mundo antes de tudo isso e prometemos ficar mais atentos daqui por diante.
Nas imagens que nos chegam da natureza exuberante por esses dias,ansiamos por admirar as paisagens e todas as vidas em nosso caminho com mais respeito e encantamento
Não pedimos a saúde como um milagre gratuito para nos livrar do mal.
Pedimos - com a razão - a luz divina a inspirar mentes que produzam o conhecimento para a prevenção e a cura."
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