Hoje esteve em casa um jovem de pouco mais de 20 anos que trabalha como pintor de paredes. Veio a meu pedido, para um orçamento; acompanhando o pai que terminava o serviço, iniciado ontem, de hidráulica,elétrica e instalação de móvel.Não o conhecia.
Ao entrar,parou para contemplar os quadros e elogiar a arte e assim eu lhe falei o pouco que sabia sobre o artista e sobre os anos em que as obras estavam na minha família.
Passando os olhos pelo ambiente, ele comentou, então:"você tem muitos livros!Gosta de ler?" Devolvi a pergunta e,diante da afirmativa,não perdi tempo,comecei a procurar um que eu achava que pudesse gostar.O seu tema preferido era história,me contou, e encontrei um que eu ainda não li.Disse-me:"eu leio e depois devolvo".Falou que já conheceu muitos lugares através dos livros,como'viagens',e que procura na internet imagens desses lugares para conhecer ainda mais...
Então,como não poderia deixar de acontecer, puxei assunto sobre os estudos e soube que cursou até o segundo ano do ensino médio.Não pôde continuar porque teve um filho.Eu pensei:"assumiu-o,afinal..." No entanto,eu não quis falar sobre isso mas,sim,saber se gostaria de cursar uma universidade (-"Sim"!).Incentivei-o, pois - em termos formais - falta pouco.
A seguir,olhando para um ponto qualquer da sala ou para o infinito,divagou a respeito do quanto adorava ler quando estava no colégio... Ofereci uma cadeira e ele começou o primeiro capítulo, enquanto o seu pai terminava o trabalho.
"Sim"(!)foi o que respondi(antes de lhe devolver a pergunta) quando ele me indagou ao se deparar com a pequena estante que,afinal,não tem tantos livros assim,pois faço muitas trocas em sebos e feiras por aí.Sim,eu gosto de ler.E,por isso,sim,ganhei o meu dia!
