Clara-manhã
vê meus olhos em festa
Está na cara
não é vã
alegria como esta
Mas é também melancolia
que vem da janela….
Do amor, uma fresta.
Em uma de minhas muitas leituras me"disseram"mais ou menos assim:"se você gosta,escreva,conte sua história,nem que seja somente para os de sua família".Ouso na Prosa Poética e,então,esta não será uma história linear.Deve se parecer com uma colcha de retalhos que o leitor terá que,ele mesmo,ir costurando aqui e ali.Seja,então, um edredon aconchegante,recheado de metáforas...Espero que goste,que se identifique...e também se anime a ser um contador de histórias!
Acabei de ler um livro em que seres inanimados são testemunhas das vidas de pessoas e contam suas observações do cotidiano delas.
Inspiro-me para criar uma historieta.
Há nomes de mulheres mas, das que tem vida, não saberemos, serão anônimas.
Antônia, que não é uma pessoa, aguarda as personagens que irão ocupar um de seus andares.
Flávia, que também não é gente, havia lhe contado que por lá, no centro, reinava um cotiando cordial e entediante, remediado por longas ausências por quem mais se incomodava com a realidade arrastada dos dias sucessivamente monótonos.
Antônia poderá ver então, com a mudança do cenário, na orla, mais conforto e, no entanto, movimentos mais engessados. A permanência será mesmo é a do controle, geograficamente facilitado então.
O final feliz se dará quando, não Antônia e Flávia, mas as anônimas, puderem ter cada qual a sua recompensa de vida plena, sem enganos.
Sempre guardarei a impressão de que parecia reencontro, continuávamos a conversa de onde havíamos parado, em um lugar do qual não lembramos, em um tempo imemorial.
Repetirei isso todos os anos para celebrar em mim a sua existência e para sentir o encantamento que é a sua vida ter se misturado com a minha.
Eu queria poder juntar todas as palavras, até as não ditas, e todos os momentos intensamente vividos, plasmá-los em uma substância que se tornasse vital, alimento para todos os dias, um sol nutritivo, temperado com mar em uma praia que seja só paz...
O nosso amor
está mais vivo
a cada dia!
Nem sei por que
às vezes cismo...
Quanto mais
se aproxima
do abismo
mais o sentimos
firme e pronto.
De lá,do alto,
não cairemos
e a vista é linda!
Honrando os passos dados,
não cairemos.
Antes,ergueremos
lá nossa cabana
e os espíritos
ancestrais serão por nós
desde sempre
e ainda.
24/10/2024
Estranha saudade
e sentimentos.
Por duas vezes,
apenas cordiais
cumprimentos
que, dada a circunstância,
tudo o mais nos foi negado:
amizade, quem sabe
apoio, cumplicidade?
Bem possível,
para quem
afinal, prezava
a liberdade,
certamente enxergaria
além,
novos caminhos,
mais verdadeiros.
Sim, eu disso sabia
e da sua sabedoria:
“um dos maiores
intelectuais de esquerda”…
amigos em comum
disseram-me um dia.
Mas foi só distância
antes
e, agora,
grande perda
sinto, já,
a cada hora,
nesses instantes
derradeiros…
Encarou de frente
sorriu de escárnio
mas sutil
Viu o defeito às costas
desabando
diferenças postas
se mostrando…
Viu!
Ponto para si!
Ficou pensando…
Da mente e postura
diante da vida
já intuía…
Não segura!
E foi quando,então,
revia,
viu que
e porque
nem tanto mais
sofria…
É por isso
que me vejo
em teus olhos
mais viva!
É porque ,
os teus,
sabem mais
e me ensinam
sobre o por-do-sol
em cada estação
e, como os meus,
gostam de contemplar
a lua
em cada fase.
A paisagem
fica mais nítida
quando a enxergo
através do seu olhar
refletido no meu.
Sim, me vejo
mais viva
nos teus olhos
que me olham
e demoram
como se fosse
a primeira vez.
Eu, mais viva
de esperança
das estações
e fases
do porvir…
Inspiro,
em oração,
na primeira sílaba
do teu nome,
o qual apenas soube,
no dia em que partiu,
por aquele
que mais te amou
e cuidou
nessa vida,
retribuindo-te
pela própria vida
que de ti recebeu.
Esta, que ganhou
para que um dia
cruzasse com a minha,
como um reencontro.
Inspiro,
em oração,
na primeira sílaba
do teu nome,
desde então,
para que assim,
iluminada,
sabendo mais
das coisas
que verdadeiramente
são,
sejas por nós.
Amém.
Não voltar
para deixar
esse lugar
de ver
e de novo ver
e sofrer
por nada...
Ter ficado
seria como morrer
e continuar
viva, mas sem ver,
e tentar
esquecer,
fazer de conta
que é nada.
Fugir!
Que a vida aponta
a saída,
doída,uma estrada
para fingir
que é nada...