Era de sua natureza o cuidar.Inclinação sutil na infância,a se revelar na juventude pela escolha do ofício,pouco conhecido em sua verdadeira complexidade.
Mas ela nunca sentiu a necessidade de ficar se explicando quanto as suas excêntrcas escolhas,com ares de pioneirismo romântico.
Sorria,frequentemente,de si para si,altiva, com a aura de sensualidade atribuída aos seus gestos e função.
Deslumbrava-se,tola e secretamente,ao saber-se em locais inacessíveis para tantos,bem próxima às fronteiras da vida nascente,do sofrimento,da solidão,da miséria humana,da solidariedade feita de urgência.
Tinha para si o valor maior do cuidado,independente da cura:realização.
Realização ainda por se fazer plena,até então como um curso preparatório para a sua missão maior:a dedicação extremada às sementes apenas brotando,seu bebês...
Aleitamento,como a seiva vegetal para as plantas,alimento original para a gente.
Aperfeiçoou-se,ainda,sobre crescimento e desenvolvimento,reaprendeu a brincar,como que cuidando de flores,muitas cores para as sua crianças...
Conheceu árvore pouco robusta,que mostrou-se doente,tronco oco,homem vazio,incurável...
Árvores comuns,no caminho...Alguma bela e descuidada e por isso mesmo inspirando cuidados, mas avessa à dedicação,sobrevivente apenas,cactácea...
A que cuidava conheceu aromas e temperos,para completar o conhecimento quanto as ervas que curam e acalmam...Nutrição além da comida.
Mas precisava de um jardim,minimamente organizado ou digno disto.Um jardim úmido,fértil,sob um céu calmo e sobre um chão firme para que toda a vida - semente,flor,árvore - plantada fosse sinal de amor exuberante e só.
Precisava,sobretudo ,da luz do sol,da brisa fresca,da chuva suave,tudo propício à árvore frondosa,viril,homem forte que,também sob seus cuidados,lhe desse a sombra do descanso confiante,proteção.
Em uma de minhas muitas leituras me"disseram"mais ou menos assim:"se você gosta,escreva,conte sua história,nem que seja somente para os de sua família".Ouso na Prosa Poética e,então,esta não será uma história linear.Deve se parecer com uma colcha de retalhos que o leitor terá que,ele mesmo,ir costurando aqui e ali.Seja,então, um edredon aconchegante,recheado de metáforas...Espero que goste,que se identifique...e também se anime a ser um contador de histórias!